sexta-feira, outubro 12, 2007

notícia d'alma

mãe que balança o berço

a mão que balança o berço não é a mesma que fizera o berço;
a mão que fez o cobertor não é a mesma das mãos nenhumas anteriores.
para o habitante do berço entanto toda mão e tudo mais é mãe.

terça-feira, outubro 09, 2007

(letra/música: Korda/ Guevara)

(letra/ música: Korda/ Guevara)

Sobre o alvíssimo,
uma janela abriu-se pelo tempo bastante para
que cada fio de luz marcasse sua cara
em prol de uma cara maior.

Não era um papel
(nem camiseta, biquíni, adesivo),
era o rosto.
Tampouco este,
face haver faces ali.

Ele poderia estar piscando, gargalhando,
irritado, em dúvida ou fazendo uma careta,
o cabelo mexendo, o charuto na boca,
uma brincadeira com o charuto usando a careta.

As possibilidades que antecederam e as que se seguiriam.
O mistério: igual.
A fúria: igual.
A felicidade: igual.
Todos iguais num berçário.

Hoje em dia não há tempo para igualdades,
o que repete ou se repete fica um só, o resto se elimina.
Um só representando. Ali, ele.

Ali, ele e o potencial de riso, de fúria, de surpresa.
Na face séria, as faces todas repousadas,
podendo ser a qualquer momento.

O longe: para receber o olhar;
o botão: para receber o dedo:
a morte de cada fio de luz por uma vida maior,
morta por uma vida maior.

Uma vida menor ante uma bandeira
(camiseta, biquíni, adesivo).

E nós, de inteligência superior à da fotografia,
vemos os adultos mortos que na vida da foto
nem nasceram ainda,

que morreram em outubro, nove do dez de sessenta e sete,
mas reencarnaram seus espíritos
sob a forma de outro corpo:

1968


sexta-feira, outubro 05, 2007